O Paraíso Segundo Lars D. de João Tordo trata-se do segundo volume de uma trilogia. Este ano dei por mim a descobrir o meu autor português preferido. Apesar de serem poucos os livros que li de João Tordo, posso afirmar com toda a certeza que é um dos meus preferidos. Por enquanto não houve um único livro do autor que me tivesse desiludido, pelo contrário, cada livro que leio de João Tordo fico cada vez mais encantada. É a sua escrita, a forma de se expressar, as suas personagens, os diálogos, tudo. É talento, sem dúvida alguma que este senhor tem talento.
O Luto de Elias Gro de João Tordo
Quando comecei a ler este segundo livro não tinha grandes expectativas. Ao ler O Luto de Elias Gro tinha ficado completamente de rastos, automaticamente passou para um dos meus livros favoritos da vida. Contudo, sentia-me um pouco receosa do que poderia aguardar-me este segundo volume. As opiniões eram renhidas, ou se gostava ou não se achava nada de especial. Bom, como um dos meus objetivos é ler todos os livros deste senhor, claro que tinha de ler O Paraíso Segundo Lars D.
Certamente eu não estava à espera que este livro conseguisse ser tão bom quanto o primeiro. Todavia, tenho de dizer que o primeiro consegue superar todas as expectativas para uma continuação. Porém, compreendo o principal motivo: o primeiro é sempre novidade. Ainda assim este segundo livro não deixa de ser menos impactante, consegue até ser um pouco mais doloroso. A escrita de João Tordo transmite de forma única todas as emoções. É daquelas leituras que o leitor vê-se obrigado a sair da sua bolha de conforto, somos postos à prova. As nossas personagens passam por imensos problemas, angústias e dores, claro que é complicado ficar-se indiferente. O próprio leitor sente a necessidade de entrar no papel da personagem e questionar-se sobre tudo o que está a acontecer. O que faria eu se fosse no lugar da personagem?
A Noite Em Que O Verão Acabou de João Tordo
Achei um livro pequeno, adoraria que tivesse sido maior pois foi uma leitura deliciosa. Porém, é daqueles livros que não precisa necessariamente de muito para nos dar uma narrativa incrível, com cabeça, tronco e membros. A escrita de João Tordo, que não me canso de admirar, é forte, daquelas que se nota que o autor colocou o seu coração nas palavras que escreveu neste romance. Outro aspeto que preciso mesmo destacar: uma das cenas de sexo bem mais conseguidas na literatura, é um romance simples, sem erotismo. Mas, o autor soube como dar uma cena sexual sem exagerar, no momento certo, de uma forma incrível.
O Paraíso Segundo Lars D. de João Tordo não se trata da continuação exata de O Luto de Elias Gro, mas sim de uma derivação paralela. Antes de mais, tenho de admirar o autor por esta ideia incrível, não fazia ideia de que o segundo livro não se tratava exatamente de uma continuação, mas algo mais incrível que isso. Como já referi, acabei por sentir maior impacto com o primeiro livro. Este segundo não deixou de ser incrível, mesmo sendo fora aquilo que eu esperava. Senti que só o desejo de continuar, de saber até onde isto irá dar, ajudou imenso a que gostasse realmente desta obra.
João Tordo sabe cativar o leitor. Mesmo quando se trata de um ambiente mais melancólico, o leitor consegue sentir-se perdido por tamanha beleza da narrativa. Se muitas pessoas desistem da leitura por esse mesmo motivo, eu só quis continuar a ler. Um dos principais motivos pelos quais admiro este tipo de narrativa é porque as personagens parecem sempre tão reais, nem parecem ficção.
O Bom Inverno de João Tordo
Neste segundo volume, João Tordo leva-nos novamente por temas duros, solidão e a procuro do eu, acaba por ser mais uma vez uma leitura bem filosófica. O que acaba por ser uma forma de captar a atenção do leitor. Honestamente, sinto que é complicado alguém ficar indiferente às diversas questões que são levantadas durante a história. O João Tordo sabe o que faz, ele sabe exatamente como prender o leitor à narrativa desde a primeira página até à última. É deveras complicado conseguir simplesmente pousar o livro como se nada fosse. É uma leitura dura, mas o leitor sente a necessidade de ler tudo e interiorizar tudo, sem perder tempo.
Leave a Reply