Honestamente, não sei o que dizer sobre este livro. Pensei em mil e um elogios que podia partilhar, mas sinceramente, não é suficiente. Poderia até escrever uma opinião a dizer o quanto incrível é, falar de todas as suas qualidades, porém, não chega. Estamos a falar de uma obra poética e foge completamente das nossas expectativas. Assim que iniciei a leitura, não fazia a mínima de que este livro seria assim tão arrebatador, nem em sonhos. Apesar das diversas críticas positivas ao livros, estava sempre um pouco de pé atrás.
O Luto de Elias Gro acabou por ser um murro no barriga. Não foi apenas uma vez ou duas que li algumas partes com um nó na garganta, recordo-me de estar a ler as últimas páginas na minha hora de almoço, com os minutos quase ali a contar. Não podia atrasar-me para o trabalho, mas muito menos poderia esperar para terminar mais logo o livro. Sentia uma urgência em saber o final, o que acontecia e como acontecia, o que fariam as personagens. Bom, terminei a tempo o livro – não me atrasei por uns meros minutos! – e, claro, abriu-se um vazio dentro de mim. João Tordo conseguiu mais uma vez deixar-me com um sentimento de que mais nenhum livro seria tão bom quanto O Luto de Elias Gro.
Podes ter interesse em ler: O Bom Inverno de João Tordo
Decerto que as primeiras páginas não me convenceram logo, ainda demorei algumas páginas a conseguir embrenhar-me por completo na história. Algo que me deixou um pouco reticente foi o facto de não existir a típica divisão por capítulos, durante várias vezes dei por mim a pensar e agora, onde paro a leitura? A realidade é que depois das cinquenta páginas não tive mais este pensamento, passei a pensar como raio vou parar de ler agora? Sim, este é daqueles livros que ao início achámos que não será assim nada de especial, e então que o escritor vira-se para nós e diz então espera aí que já vês.
Depois de ter lido dois livros de João Tordo, achei que não me iria surpreender assim tanto com a escrita de O Luto de Elias Gro, bom, enganei-me. Tenho realmente de dar destaque a esta escrita tão poética que o autor tem, é um talento especial na minha opinião. Gostava eu de ter este talento para escrever com tanta magia, será que é algo natural, que lhe corre no sangue? Só sei que é uma escrita tão deliciosa, que dá vontade ao leitor de devorar o livro. Os restantes livros são assim? É certo que A Noite Em Que O Verão Acabou ele surpreendeu-me pela positiva, devorei completamente a história, mas tratando-se de um thriller achei que se devesse a isso. Mas não, João Tordo tem um talento para a escrita, admiro-o imenso por isso, comprova-se isso mesmo ao ler O Bom Inverno.
Convido-te a leres: A Noite Em Que O Verão Acabou de João Tordo
Se acham que os pontos positivos deste livro ficam por aqui estão redondamente enganados. Que história! É daqueles enredos que nos dá a volta à cabeça, ficámos horas a pensar no livro (ou meses!). Dei por mim a esquecer que tinha mais quatro horas de trabalho pela frente. Precisava de chegar a casa e digerir tudo o que tinha lido. Se antes de ler este livro de João Tordo eu já sentia uma vontade intensa de ler todas as suas obras publicadas, depois de O Luto de Elias Gro é obrigatório ler todos os livros do autor. Conquistou-me, se antes duvidava um pouco da sua capacidade de surpreender-me mais do que com o seu primeiro thriller, bom, agora tenho certeza que temos um grande escritor português em mãos.
Sinceramente, não sei qual foi o momento que percebi que este livro seria para mim um dos meus livros favoritos da vida. Pode ter sido quando decidi que o iria ler, ou até mesmo quando o comprei. Contudo, sinto que só me apercebi da obra magnífica que tinha em mãos quando terminei o livro. O vazio ainda cá está, passados meses permanece aqui dentro de mim. O que ler? Infelizmente, não sei. Já li alguns livros depois deste e sinto que não são bons o suficiente. Isto logo passa, eu bem sei. João Tordo fez com que as expectativas para os seus restantes livros aumentassem drasticamente. Provavelmente vai ser um mau sinal, mas espero mesmo não vir a desiludir-me. E sabem que mais, considero-o o meu escritor da atualidade português preferido. Pronto, está dito.
Sem dúvida alguma posso considerar este livro o meu favorito de 2020, mesmo que ainda faltem alguns meses para o ano terminar.
Mas, sei que nem todos gostam deste tipo de livro mais poético, onde parece que a nossa personagem principal só divaga e vive num mundo negro. Claro que é necessário avançar para esta leitura sabendo algumas coisas, como é um livro muito melancólico, é escrito numa vibe bem mais obscura. Trata-se por si só uma história onde se vai a fundo nos sentimentos humanos, principalmente depressão. Caso não gostem de leituras assim mais duras, que vos deixem num estado mais triste, realmente não sei até que ponto está leitura será tão incrível para vocês quanto foi para mim.
Na minha opinião, é um ponto positivo, a certo ponto entrei tanto na cabeça do personagem que senti-me na pele do nosso personagem. Por diversas vezes pausei a leitura por breves instantes e senti toda a melancolia e depressão que ia dentro dele. Não foi fácil, como referi acima, é uma história que nos deixa com um nó na garganta por vários momentos. Mas, foi uma boa história, com boas personagens e uma escrita muito boa.
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